Lições das poesias
O poeta negro brasileiro militante Jorge Siqueira escreveu outro dia e está registrado no livro Caderno negro volume 19 um poema chamado "cuidado"
"São 23;30
vivo num país civilizado
católico de cartório, membro da ONU e do FMI
Fecho minha janela por sobre o mundo
por medo de ser esfaqueado pelas costas
(tenho um radio de pilha e isto pode ser vendido na feira)
Amanhã de manhã enxotarei
as baratas da noite, e por entre caminhos
de formigas famintas continuarei
lê O Capital
(não custa saber o preço).
É Siqueira sabe bem qual a estrada que percorremos para o trabalho, e qual é o atalho, que esses fascistas, capitalistas nos pegam. Tantas propagandas e nós como vítimas acreditando que somos estrelas, porém vamos nos apagando. Não reclamamos somos civilizados. Acreditamos em Deus, somos membros da ONU e temos uma dívida eterna se algum governo pagar. O capitalistas inventa outra e outra forma para continuar a fábula da divida externa e a gente continua como barata tonta morrendo e sendo devorado pelas formigas. É preciso ler o capital. O manifesto, pois quem lê Mar, não vira gado e nem precisa de Pastor.
Porém Octavio Brandão, o poeta de Liberdade escreveu o poema num inicio do século XX, ou seja muito antes da fundação do Partido Comunista Brasileiro-PCB sigla que ele foi o primeiro candidato a vice presidente na chapa com Minervino de Oliveira. Ele escreveu "Toque de clarim" em 1919
"Despertar, operários, despertar.
Destruir esse universo de vil lama.
Ser como as ondas trágicas do mar
Desvalando a orbe com furor de chama
Operários um grito de jaguar
parta de vosso peito que se inflama.
Pois preciso que em cada rua ou lar
Se represente um grande alto drama.
Transformação imensa, universal,
Universal agitação do mundo,
Um embater, um abalar profundo!
E que sobre os escombros do universo
Pulse, palpite espírito diverso,
Cante nova alma, vibre um novo ideal!
Portanto Octavio Brandão sabia o que era preciso o despertar do trabalhador brasileiro num tempo em que não havia o Partido comunista Brasileiro, não havia a ONU, não havia o FMI, mas a exploração do capitalista esta sim era ativa não tinha esses braços que foram criados mais tarde pelo sistema.
Porém encontrei com Roselis Batstar, que escreveu Minhas estações e ela me disse pessoalmente que quando escreveu isto ela pensava onde iria um dia morrer. E neste livro ela deixou escrito "Se o tempo fosse. . ." Poema escrito em 2017.
Se o tempo fosse feito de tulipas
Fugazes copos procurando o céu
Se fosse feito de felizes flamingos
que transformassem as nuvens na rocha dos meus domingos
Se fossem fusas e semifusas
que se desfizessem na valsa do minuto
Eu conformaria com essa alegria tão dissoluta
Voraz das ilusões mais curtas
Éterea e inatingível como um coração em luta!
É bela a fábula de ira ao céu, é bela a história da vida feliz, por aqui nesta terra, pisada por tantos líderes, por tantos pregadores, e tantos pecadores.
Eu diria que o tempo é apenas o período de nossos sonhos de luzes iluminando a vida que ao poucos pode ir se apagando como os nossos olhos. Mas antes de partir temos que despertar, para a luta e despertar outros camaradas outros e outras companheiras, tê-las ou tê-los todos de mãos dadas, de alma colhida de paz e com a esperança da transformação social. Como desejou Brandão. Mas sem esquecer como alertou Siqueira ao escrever o poema Cuidado.
Pode ser como ele disse 23:30horas pode ser que vai bater meia noite, pode ser que seja durante o dia, pode ser, que estamos num país civilizado em que o Estado covarde mata seus filhos como foi feito no Rio de Janeiro que assassinou 25 pessoas numa tacada só. Somos católicos , membros da Onu, e do FMI. Estamos fudido, Mas precisamos continuar lendo Karl Marx. Quem lê Marx não vira gado e não precisa de pastor.
Manoel Messias Pereira
professor, poeta
São José do Rio Preto- SP. Brasil
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