Artigo - As Operárias comunistas e os direitos das mulheres - Manoel Messias Pereira

Julia Santiago
Elvira Boni de Lacerda
Julietta Battistioli

A Folha de São Paulo no dia de ontem 2 de maio de 2021, na sua página A24, trouxe uma matéria assinada por Paula Soprana intitulada "Primeiras Operárias do Brasil deram início a luta por direitos da mulher."
E o texto  trata de três mulheres  operárias Elvira Boni que fundou a União das Costureiras em 1919 no Rio e mobilizou 300 operárias. E ela costurou e passou uma longa parte da vida trabalhando de costureira para as lojas Renner. Outra é Julia Santiago no Recife nascida em 1917e Julieta Bastistiolli. 
O que essas três mulheres tinham em comum, e que conseguiram organizar a luta das mulheres por seus direitos sindicais e sociais. Ou seja toda eram comunista.
Elvira Boni de Lacerda ,nascida em 1899 e falecida em 1990 era filha de imigrantes italianos e teve ideias socialistas a partir de seu pai já morando no Rio de janeiro, iniciou na Liga Anticlerical e em maia de 1919 fundou a União das Costureiras, Chapeleira e Classes anexas. Casou-se com Olger Lacerda um dos fundadores do Partido Comunista Brasileiro -PCB, e quando do III Congresso Operário Brasileiro ela esteve comandando uma mesa. E isto significa que era uma pessoa que tinha formação política, conhecia o marxismo leninismo.
Já Julia Santiago vimos que ela foi em 2017 homenageada na Universidade Federal de Pernambuco através de uma programa da Academia de Opera, que teve uma composição do maestro Wendell Ketle em sua homenagem. Julia era militante do partido Comunista Brasileiro -PCB e a sua luta era o resgate da Igualdade social e Politico das mulheres. Julia era negra militante comunista e dedicou a sua vida pelos Direitos das Mulheres Operárias. Foi a primeira vereadora eleita no Recife e seu mandato foi cassado pelo motivo de ser comunista.
Julieta Battistioli, outra militante do partidão, nascido 13 de janeiro 1907, filha de Delphina Silveira Ramos e de Sr. Thomé Silveira Ramos, ambos trabalhadores rurais. Tornou-se operária têxteis, casou -se com Fortunato Batistiolli e ambos militaram no PCB. Ela foi eleita vereadora de 1947a 1951 pela legenda PSP -Partido Social Progressista ou seja legenda de aluguel , pois o Partido Comunista foi para a ilegalidade. Por sua ligação com o partido foi presa em 1961 e levada para o DOPS e em seguida foi para o presídio Estadual Madre Pelletier. E em 1964 distanciou-se da política. E em 1987 recebeu o título de cidadã Emérita de Porto Alegre.
O que é interessante destacar que partido comunista preza inicialmente por formação política  e não a disputa eleitoral, como fazem essas outras agremiações burguesa capitalista. E o processo de formação permite criar no operário a consciência de classe e a ação de organização da classe trabalhadora. E isto óbvio que o Jornal como a Folha de São Paulo não iria fazer esses destaques em relação as três até porque é um jornal burguês capitalista e talvez até neo liberal. Porém quando deixa de informar com essa respeitabilidade do movimento operário tratando da formação politica, marxista evidente que o jornal mostra-se uma desinformação ou uma negação e isto pesa na sua credibilidade narrativo, quando que o jornal não deve ser de partido mas sim de uma verdade que está acima das siglas partidárias. Ou seja da informação sobre tudo e com o mais rigoroso critério. 
Um outro ponto é que o Partido Comunista é o mais antigo do Brasil e dentre eles parte da intelectualidade e da organização sindical no passado se confundem com a própria história do Partidão e seu legado cultural.
Portanto o Jornal está de parabéns em trazer a tona a história destas mulheres, mas precisam destacar o caminho da formação política. Pois é sempre necessário a criação de quadros políticos, de grupos de estudos, de debates, de filmes, de visitas a sindicatos , de organizações sociais. e provavelmente a jornalista deva ter observado isto porém deva ter barrado na linha ideológica do sistema. Mais é essa coisas que permitem os militantes comunistas estarem sempre avante e a frente contando com uma orientação política  de um Poder Popular.

Manoel Messias Pereira
professor de História
São José do Rio Preto- SP. Brasil.




 

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