Crônica - O Pensar Pedagógico de Paulo Freire - Manoel Messias Pereira

 


O pensar pedagógico de Paulo Freire


O Brasil é um país marcado por sua diversidade cultural, educacional, ideológica, social e etnicamente. E é nesta diversidade que observamos hoje um discurso bem grosseiro mas que trata da obra de Paulo Freire sem conhecer. E para falar disto recorro ao curso de formação da extinta Revista ABC educatio que no passado tive alguns textos ali publicado. E na oportunidade há uma contextualização e habilidades operatórias do professor Paulo Freire, que conheci de livros, de apontamentos nas escolas e faculdades e conversei uma vez quando esteve em visita a São José do Rio Preto -SP, mais precisamente na Escola Estadual Monsenhor Gonçalves. Época em que escrevia no Jornal Tribuna Regional e escrevi uma matéria com o seguinte título "Paulo Freire a Educação pelo Amor" e entreguei um jornal com o texto em suas mãos.

Paulo Freire é um brasileiro que nasceu no Recife-PE, no dia 19 de setembro de 1921, e o seu nome de batismo é Paulo Reglus Neves Freire e falecido em 2 de maio de 1997. Casou-se com Elza Maria Costa de Oliveira em 1944, uma professora do ensino primário, que envolveu no mundo educacional. E nisto Paulo desenvolveu um programa  de alfabetização e a criação dos Círculos de culturas.

Em 1963 ele foi convidado pelo Presidente João Goulart, que iniciou em escala nacional um programa de alfabetização de adultos. Porém em abril de 1964 veio o golpe civil, militar e empresarial estabelecendo uma ditadura no Brasil a serviço dos anseios e os interesses dos Estados Unidos da América em domesticar o brasileiro  de uma forma mais fácil de dominar o povo e pois fim a essa experiência educacional.

E de 1964 a 1980 Paulo Freire viveu no exílio, inicialmente no Chile, onde trabalhou no Instituto de Capacitação e Investigação em Reforma Agrária. E em 1969 foi nomeado especialista da UNESCO e ministrou aulas na Universidade de Harvard -EUA, Em 1970 foi para Genebra na suiça onde trabalhou como consultou do Conselho Mundial de Igrejas, desenvolvendo o programa de alfabetização em apoio à reconstrução nacional em diversos países africanos, época que lançou o s livros "Extensão ou Comunicação?", A conscientização no meio rural e a Pedagogia do Oprimido, editados nos estados Unidos e no Brasil.

Em 1980 retornou ao Brasil e incorporou a Pontifícia Católica de São Paulo e Campinas-PUC. Em 1989 o PT Partido dos Trabalhadores vencem as eleições de São Paulo com Luiza Erundina e ele foi nomeado Secretario Municipal de Educação e fica até 1991, deste período resulta outras obras como "A importância de ler e o processo de Libertação, e A educação na cidade. E em 1997 retorna a Universidade, quando escreve a sombra desta mangueira e Pedagogia da Autonomia.  A sua obra é extensa e há outros livros. Na Suécia há uma estátua pública de Paulo Freire como grande educador.

O importante é conhecer um pouco de seu pensamento vivo. E quando pensava no ser humano ele dizia; "É um ser inacabado, que não se encontra só no mundo como uma coisa ou um objeto a mais, ligado ao seu entorno como um animal se liga, mas um ser capaz de se integrar em seu contexto para intervir no mesmo com isso transformando o mundo.

Quando perguntava sobre a escola ele dizia: Um espaço privilegiado para que se desenvolve um conhecimento critico como ferramenta de construção da realidade, a partir das capacidades em identificar situações e razões que determinam os contextos sociais, econômicos e culturais em que o aluno vive, no momento histórico em que vive.

Em relação ao Processo Educativo ele dizia; Como o ser humano é um ser inacabado ele chega a escola em condições de transformação e por esse motivo o processo educativo não pode limitar-se a transmitir informações, fatos, mapas e dados situando-se em uma acomodação e ajuste estabelecido, mas em um processo de compreensão e de efetiva libertação.

Em relação a Práxis Alfabetizadora ele dizia; Fazer com que o aluno, ao descobrir o mundo das palavras, possa identifica-las com símbolos que o ajudem a pensar a sua realidade. O analfabeto não deve ser visto como pessoa ignorante, tendo em vista que a sua experiência de vida lhe permitiu acumular experiências  e reformular o seu próprio saber de forma a interpretar a realidade. As diferentes etapas de seu método tem como objetivo partir da realidade cultural do aprendiz, de seu universo temático, para relaciona -lo com suas condições de vida e com a condição de vida de seus pares.

Quanto ao Processo de Ensino dizia: A educação libertadora necessita desenvolver novos processos de ensino, estabelecendo uma aprendizagem dialógica, que se apoia no método de problematização. O professor não mais visto como proprietário do conhecimento, mas como personagem crítico na proposição de desafios e encaminhamento de processos de procura, sabendo sempre que "ninguém ignora tudo, ninguém sabe tudo".

Sonho em Educação - Toda a ação educativa deve sempre perseguir um objetivo essencial, um determinado sonho, que abomina a neutralidade ou indiferença por parte de quem educa. Isso não significa que o professor deve impor ao aluno sua  opção, antes despertando o aluno para as suas próprias e autenticas opções e seus sonhos.

A felicidade - A felicidade é sinônimo de luta e, desta forma somente pode ser inteiramente feliz a pessoa que acredita em si e em sua transformação e se dispõe a empreender  uma caminhada em direção a sua meta, sabendo que ao atingi-la outras por certo irão surgir e desta forma desafiar novas buscas.

Sobre a formação dos Professores - ele dizia, que a Educação não pode abrir mão de sua formação técnica e científica, mas necessita também abrigar os sonhos e utopias e, portanto exige dupla leitura (palavra/mundo - texto e contexto) para que como profissional se sinta sujeito da história como tempo de possibilidades e não determinismos e ainda que saiba que a educação não possa tudo, pode contribuir para a transformação do mundo em um mundo melhor.

O objetivo do método de Paulo Freire era alfabetizar, promover um processo de libertação, contrapondo ao conhecimento passivo e imaginado como mágico e apresentado de certa forma e maneira ingênua de encarar o mundo, um conhecimento crítico para a compreensão  da realidade a partir  da capacidade de desvelar as situações e razões que determinam a práxis social, cultural e econômica de um determinado momento histórico.

E assim podemos ter as noções sobre o pensar pedagógico de Paulo Freire, bem como, entender os valores de suas obras quando sabemos que as percepções criticas nem sempre processa de modo satisfatória para essa sociedade criadora de desigualdades. Abraços


Manoel Messias Pereira

professor, poeta e cronista.

São José do Rio Preto- SP. Brasil





Comments