Crônica - Visita ao passado - Manoel Messias Pereira





Visita ao passado


Exatamente a  trinta e sete anos no dia 27 de março de 1984, alguns registros para culturais de São José do Rio Preto era noticiado pelo jornal o Diário da Região e entre esses fatos em pauta tínhamos uma informação da cinemateca do Museu de Arte Moderna, uma homenagem da Fundação Roberto Marinho ao poeta João Cabral de Melo Neto, as noticias sobre gravações transformadas em musicais, leilão de arte no Rio de Janeiro e a visita do trovador Izo Goldman, que teve uma conversa comigo ali onde era o Hotel Vila Real, na Rua Silva Jardim esquina com Rua Bernardino de Campos.

Todos esses fatos foram importantes para aquele dia e muito bem anunciado. Porem a conversa que tive com Goldman foi especial. E por que?

Como todos sabem trabalhava num indústria gráfica aqui no município, na época pelo Sindicato dos gráficos, tínhamos um convênio com uma farmácia. Essa farmácia patrocinava um boletim literário sobre as trovas. E foi assim que adquiri os produtos e tive contato com o boletim informativo literário, na qual resolvi escrever para o professor Goldman, que era da União Brasileira dos Trovadores.

Outro contato que tinha anteriormente era correspondências que trocava com Aldenor J. de Alencar Benevides, o chamado filósofo do Piripau, que era um ser humano incrível e pelo visto um personagem que também escrevia trovas porém pelo visto era do CTC que era outro grupo de trovadores de Vitória. Embora Aldenor era de Fortaleza, porém no final da vida ele foi morar numa outra cidade do Ceará, ou seja Juazeiro do norte. E faleceu há pelo menos uns sete ou oito anos atrás. Do Aldenor recebia mensalmente um boletim chamado "O ponto". E foi exatamente esses dois principais assuntos que permitiu  iniciar uma conversa.

Um dia a minha vizinha recebeu um telefonema de alguém que estava hospedado no hotel, e veio correndo repassar que essa pessoa gostaria de falar comigo. E era o Izo Goldman. Cheguei em casa a tarde e desci até ao hotel para ter essa conversa quando ele trouxe o histórico sobre as trovas, a ideia das quadras, dos trevos, da grinalda, dos ramalhetes literários, dos chamados florais falou de alguns autores que morava na região, tanto em São José do Rio Preto quanto em José Bonifácio.

Informou-me que são pouco os que estudam e colocam os apontamentos sobre essa forma de escrever embora mostrou-me que é uma arte provinda de Portugal, mas que o Brasil começava a dominar os concursos. Após essa conversa tentei contatos com algumas das pessoas indicadas por telefone. na época nenhum quíz muito diálogo, recordo de um senhor chamado Seu Raphael,  que acrescentou sou muito velho e essa arte é algo medieval.

Tentei entrar em contato com vários jovens escritores. Deparei com os meninos que gostavam de poesias livres , pois as trovas tem regras bem demarcadas, em que a primeira linha sempre rima com a terceira e a segunda com a quarta e tem sentido completo. A divisão silábica é fonética conforme o fonema e não essa divisão silábica das letras das silabas das palavras. Outra coisa que pude perceber era que todas quadras eram sete-silábicas fonéticas. E precisa ter o sentido completo. Essa nossa conversa era mais no sentido de fortalecer as trovas o que eu não consegui.

Outra  coisa que achei interessante é que num concurso de trovas você escreve o no envelope a sua  e a sua obra de arte poética, seja por fora do envelope e dentro vai os  seus dados fia dentro do envelope. O jurado vai analisar  a obra e ver as melhores, somente depois é que vai revelar o vencedor. Talvez isto não dê para fazer com se o trabalho for de grinaldas ramalhetes  e não sei também explicar sobre isto. 

Quando a obra não é completa ou se os versos não estão alinhados conforme as regras fonética o trovador pode desclassificar ou ser considerado poeta de pé quebrado. Particularmente não consegui escrever. E o símbolo da trova é uma rosa,

 Porém outro assunto foram as tais trovas nordestinas que fogem um pouco das chamadas quadras portuguesas. Que eram feitas as disputas geralmente no período das festas juninas. Também chamadas de quadras de São João. Sempre num concurso há um tema. As regras precisa serem respeitadas, assim como toda as estruturas sete-silábicas fonéticas e as combinações perfeitas  com o sentido completo.

Outro assunto eram que as trovas medievais eram poemas que acompanhavam as musicas os jograis principalmente nas festas. É valeu aquela conversa feita no final de março de 1984.

Outros assuntos que foi publicado neste dia pelo jornal que vale a pena comentar, como a Cinemateca do Museu de Arte Moderna que passava por um momento de crise, criou em 1984 uma Sociedade dos Amigos da Cinemateca e contou com a adesão de oitenta sócio fundadores entre os quais inúmeros cineastas. Hoje sabemos que a Cinemateca parece ser uma entidade abandonada, pelo menos neste atual governo que desejava empurrar a Regina Duarte, mas pelo visto o importante é ter uma sequência histórica desta entidade, que é preciso sempre refletir entre o passado o presente e entender talvez os caminhos para o futuro desta entidade.

Ah!, para não esquecer sobre Aldenor ele deixou antes de morrer um pedido, que o seu caixão fosse colocado quatro tijolos de rapadura e pelo que fiquei sabendo isto ocorreu e ele morreu com mais de 100 anos ou seja com 105 anos. Tenho um vizinho  aqui em São José do Rio Preto-SP, que foi vizinho dele em Juazeiro do norte onde morreu. O desejo dele foi atendido.

Sobre a homenagem da Fundação Roberto Marinho, para João Cabral de Melo Neto, foi na época lançado o CD gravado pela Som Livre com uma seleção de poema do autor na própria voz do autor e musica incidental de Egberto Gismonti.

Sobre as gravações que disse na época terminava as mesma de "champanhe, as filmagens de Feras e fugas de Suzane Carvalho que substituiu Irmã Simone na montagem "O analista de Bagé" que foi sim transformado num musical. Já o chamado Grande Leilão na Concorde no Caesar Park, no Rio de Janeiro.

Todas essas informações da época mostra que muitas coisas ocorriam aqui e fora daqui, e o importante é que sempre existia um processo interessante para as nossas reflexões. Já pelo visto hoje sei que nenhuma empresa patrocina qualquer atividade como o Boletim literário feito por aquela farmácia. Pelo visto houve uma mudança de comportamento em relação as novas formas de pensar a arte. O que  sei hoje é,  que existem  os editais, que todos nós que trabalhamos com artes precisamos ficar atentos até por que há novos instrumentos culturais, há aplicativos informatizados que precisamos apoderar e utilizar para encantar e muita coisa exige de nós outra forma para fazer uma boa arte. Mas no momento foi bom fazer essa visita ao passado e relembra as matérias do dia 27 de março de 1984, Portanto há 37 anos que ficaram avelhantados.


Manoel Messias Pereira

professor

São José do Rio Preto- SP. Brasil



 


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