Crônica - A Palestina na minha memória histórica - Manoel Messias Pereira

 




A Palestina na minha memória histórica



Todos nós somos portadores de uma memória histórica e sempre quando surge um fato na imprensa óbvio sentimos  na nossa memória um conjuntos de outros fatos que guardamos sobre o assunto. E ontem dia 29 de março de 2021 li no jornal "Expresso" de Portugal que Israel e o Hamas estão sob investigação por alegados crimes de guerra e essa questão deve ser analisado no Tribunal Penal Internacional e isto para reportar o assassinato de três adolescentes em 2014, no Distrito de Jerusalém caso cuja a vítima foram Nafoli Frankel, Gil-an Shan e Eyal Yifrach. 

A questão é que a família destes adolescentes dizem ser membros do Hamas que foram colocado a culpa por esse crime. E a tensão aumenta pelo assassinato também de outro adolescente chamado de Muhammed Abu Kaheir, praticado por extremistas judeus num aparente ataque de vingança..

E quando observo que essas duas denuncias surgem procuro sempre ver que há duas coisas para uma análise mais criteriosa. O primeiro é que o Estado de Israel é de ato um Estado, que tens governo, legilsação, território povo e uma cultura. Ao passo que o Hamas é um movimento organizado palestina que não reconhece a existência do Estado de Israel e que desde junho de 2007 controla a Fixa de Gaza. É um partido politico e tem no parlamento palestino a maioria, mas é também um movimento militar, e um movimento de assistência social aos palestinos  e que  possui as chamadas Brigadas Quassam. E são elas que organizam os ataques contra Israel.

Esses fatos políticos que saíram ontem trouxe-nos a memória que permitiu observar que neste dia 30 de março é o chamado dia da Terra Palestina e isto desde 1976, quando os palestinos começaram a protestar, primeiro devido ao Fundo  Nacional Judeu criado desde 1901 com a finalidade de comprar terras na área do antigo mandato britânico e usá-la exclusivamente para o assentamento de judeu.  E sobre isto vamos observar que em 2011 foi lançada na Palestina uma campanha para bloquear a atividade deste fundo.

Embora o jornal Expresso trouxe um fato ocorrido em 2014, é preciso observar que em 2018 em 30 de março num dos protestos Israle matou 16palestinos em Gaza, naquele que hoje chama-se de marcha do Retorno, quando aproximadamente cem mil pessoas caminhavam próximo a fronteira com Israel, para reivindicar seus direitos de retorna a terra palestina noutros pontos geográficos.

Até hoje temos pessoas morando no Brasil, que saíram da Palestina e estão impedidos de voltar a sua terra. Mas são essas lembranças que permitem que essa memória histórica permitem-nos passamos a refletir sobre muitos outros fatos,alguns até certo ponto melancólicos principalmente em relaçao as grandes potencias capitalistas. E para tanto recordo quando Estados Unidos e Israel abandonam a discussão sobre o racismo em Durban.. e uma semana mais tarde no dia 11 de setembro de 2001 ocorreu a queda do Word Trade Center. Data essa que também ocorreu a Décima Cúpula da organização da Conferência Islâmica, quando o secretário geral da Conferencia Abdekhouahed Belkeziz, afirmou que existe uma campanha de calúnia  contra os países muçulmanos hoje submetidos a marginalização política ao isolamento e à ocupação militar.  Uma dolorosa realidade de desesperança e frustração que não surgiu do nada. E ainda reclamou que parte da mídia teve colaboração para isto. Estabelecendo qualquer ato cometido por muçulmano como ato terrorista.

E essa reunião que ocorreu em Kuala Lumpur expressou o seu apoio a causa palestina e condenou a ocupação israelense. e na oportunidade o senhor Faruk Kadumi  denunciou em declaração à agencia malaia Bermana, de que qundo um palestino denuncia  as agressões  militares  israelense no território de Gaza e Cisjordania, são acusados de anti-semitismo. E isto embora fosse em 2001 é de recordar que a Conferência Islâmica mostrou-se preocupação com a população do Iraque e com o destino da Siria tida na época como um dos alvos do governo estadunidense.

E se observarmos o que ocorreu mais tarde envolvendo a OTAN, com França, Inglaterra e Estados Unidos da América observamos que essas potencias permitiram-se promover a chamada Primavera Árabe onde houve um saldo de mortos, um saldo de construções destruídas e uma interferência politica que difere e muito do que entendemos como uma politica de auto determinação dos povos.

Essas memorias também levam a fotos dramáticas publicadas no Brasil em 2001, quando um jovem chamado Mahmud Salah de 23 anos foi detido por soldados israelenses  em Beit Henina perto de Jerusalém em março de 2001 sob suspeito de ser um homem bomba, E o jovem não ofereceu resistência. Dominado ficou o tempo todo imobilizado submisso aos ordens de seus captores. E mesmo assim recebeu tiros a queima roupa que estouraram sua cabeça e o seu corpo foi deixado despido na rua.

São essas violações que vem as nossas lembranças as nossas memórias históricas, e que tanto mal faz- a nossa vida. Parece que entre palestinos e israelenses há uma brutalidade um tanto quanto monstruosas. E quando uma noticias como essa que vem a tona sobre fatos que ocorreram em 2014 e que o jornal Expresso revive talvez sabendo e entendendo que deva haver uma discussão e um julgamento sobre o grupo Hamas e o Estado de Israel. Devemos sempre lembrar há um Estado e uma organização que talvez seja um partido. E que não aceita até o hoje o status de Estado de Israel.

Tenho a opinião de que toda a violência se naturaliza. Todo o humanismo e a humanidade passa a sofrer de um anestesia. Falam em processo de paz como se tivesse tomando água, com muita naturalidade mas como se esse ato fosse apenas algo abstrato , enquanto isto concretamente vitimas acontecem-se, lagrimas escorrem pelas faces, a ONU faz seus relatórios e o que vemos no Oriente médio é a recriação de um apartheid, e sobre isto basta observar que já há um muro de 150 quilômetros no norte da Cisjordânia é muro de concreto e com arame farpado numa obra  que  foi orçada em 1,5 bilhões de dólares. E pelo visto a minha memória histórica permite esse encontro de drama e tristeza.

Outra coisa triste porém um alento feminino é a "Mãe pela Paz" que reúnem-se palestinas e israelense e que estão juntas no círculos dos pais, como a ginecologista palestina Salwa Najaab Kathib, presidente  da Associação Juzoor que promove a saúde na periferia de Jerusalém e Robi Demelin que faz parte do Circulo dos pais. e dizem como mães sabemos a dor do próximo . E nunca haverá reconciliação mesmo que o plano politico for acordada a paz.

 É uma mãe que perde o seu filho para quaisquer atos políticos, tenha a certeza como mãe ela sofreu  uma violência. É como retirar a semente das árvores ou as flores, esperando secá-las apenas para lenha. É uma violência.

Hoje sabemos que parte dos palestinos não foram ainda imunizados diante deste vírus que multiplica, transforma-se em cepas, como apresenta-se o Covid-19, penso que estão fazendo crimes de responsabilidade de quem  tem o Estado constituído  e organizado naquele território. Já o Hamas sabemos que deseja que as terras que durante décadas que Israel ocupou, e que as Nações Unidas tinham ad-judicados aos árabes e muitas delas não foram reverter aos palestinos ficando de fato anexadas ao territórios judaicos é pelo visto o Hamas quer que o outro grupo politico como o Jihad juntem-se e que possam libertar toda a Palestina do Mediterrâneo ao Rio Jordão.



Manoel Messias Pereira

professor de história e poeta

São José do Rio Preto- SP. Brasil




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