Assim como outros líderes africanos, seu laboratório de emoção foi a repressão, sofrida , vivida o que talvez serviu de um espelho, para ter o país nas mãos e lutar contra o imperialismo, contra a dependência politica, econômica, financeira, cultural, e quem sabe educacional.
Esse pequeno país, sem saída para o mar, tem poucas páginas no livro de história brasileiro., localizado no sudoeste da África, ocupado pelo lago Malauí, montanhoso coberto por savanas, florestas tropicais, e aldeias pobres castigadas pela dor. Porém Malauí tem investimento agrícola que faz o país ser exportador de bens agrícolas.
Um território do povo malauis, que no processo de neo colonização acabou virando protetorado inglês em 1891 com o nome de Niassalândia a partir de 1907. Porém em 1953 passou a integrar uma federação com as colônias britânicas Rodésia do Norte a atual Zâmbia, e a Rodésia do Sul o atual Zambabue. Essa federação que será dissolvida em 1963 quando Niassalândia passa a ter autonomia com Hasting Kamazu Banda do Partido do Congresso do Malauí-MCP.
Mas o 3 de março de 1959 em pleno colonialismo inglês é que vemos a chamada Operação Sunrise, ou Sol levante, que foi a ação policial conduzida pelas autoridades coloniais inglesas, inicialmente para deter 350 indivíduos pensantes, considerado uma ameaça para a administração politica a lei e a ordem estabelecida e necessitou assim de uma Lei de Emergência. E tudo isto graças a um relatório britânico da Comissão Devlin (Colonial Officie Report da Nyasaland Commission of Inquery, HM50, Londres 1959) em que devia deter os membros da resistência africana do Congresso Africano da Niassalândia.
E o pano de fundo destes fatos foram as manifestações entre 1953, entre os chamados inquilinos africanos da Bristish Central África Company, que era britânica e que forçou a Niassalândia a entrar na federação com a Rodésia do Norte e a Rodésia do Sul, portanto a Zâmbia e Zimbâbue atuais. Mas isso contra a vontade do povo africano de Niassalândia.
A British Central África Company começou a cobrar alugueis e impostos daqueles que ela chamavam de inquilinos e aqueles que recusassem a pagar acabavam nos tribunais e em agosto de 1953 começaram os protestos que resultaram em 11 mortos e setenta feridos no distrito de Cholo, e que passaram fazer os chamados de distúrbios.
E o Congresso Nacional Africano - NAC que mantinha a resistência resolveu iniciar uma campanha contra a federação. Porém no inicio de 1954 muito militantes foram abandoando o movimento e o partido perdendo apoio e principalmente após o incidente de Cholo. Porém com inúmeras reivindicações o governo de Niassalândia concordou que compraria terras no distrito da empresa para reassentamentos.
Assim até 1957 o protetorado ficou acreditando, porém as ideias não morrem, a resistência não apagam e o Nac foi revivido por Henry Chipembere, Kanyama Chiume e os irmãos Dunduzu Chisiza e Yahula Chisiza, que reorganizaram o Congresso agora como um partido político de massa e criou suporte para Hasting Banda que era um expatriado de longa data e que fizera campanha contra a federação para retornar a Niassalândia e veio para liderar o Partido.
Esses jovens passaram a percorrer o protetorado e levando manifestações, intimidando os colonizadores, que passaram a reprimi-los com violência. E assim o partido cresce com militantes que eles chamavam de tenentes. Iam percorrendo levantando apoios e no final de 1958 compareceram a uma Conferencia do Povo africano em Accra em Gana.
E retornaram a Nissalândia determinados a pressionar por mudanças constitucionais. Pois eles também ficaram sabendo que a federação tinha uma provisão de uma mudança a ser revista em 1960. E Hausting Banda acreditava na participação do povo africano na maioria dos órgãos que estariam discutindo. Porém ao apresentar a proposta par o governador Robert Armitage, o mesmo não foi muito simpático não gostou. E Banda insistiu nesta conversa com o governador e funcionários importantes, até que em janeiro de 1959 surgiu um empasse.
O Movimento reunido toma um rumo inesperado, se até então acreditava numa proposta legal, desejava estar discutindo dentro de um marco da lei normativa, agora o rumo que foi votado era a desobediência da lei dos colonizadores que estavam no poder. Tem inicio manifestações e prisões começam a acontecer e o movimento acompanham e crescem com os líderes presos e surge ainda intimidações e até ataques a policia e ao governo e assim as coisas desagua num caos.
Entre 24 e 25 de janeiro de 1959 Hasting Banda foi preso. Porém o NAC discutiu a sua prisão e em conversa solta os ataques aos europeus colonizadores e o que o Relatório Devlin colocou que havia planos de mortes. e com isso o governo de Armitage foi de Estado de emergência iniciado em fevereiro de 1959 que incluía um pedido de reforço policial de outras dependências britânicas, com apoio do Escritório Colonial, e assim chegaram mais de mil tropas para Niassalândia incluindo tropas do Regimento Real da Rodésia e tropas da Rodésia Rifle Africans. E assim houve fogos abertos em vários lugares com mortes, e feridos.
E nos planos da Operação de Niassalândia, em que havia uma lista de detidos e o estado de emergência aconteceu a meia noite para iniciar o dia 3 de março de 1959, e assim que amanhecesse o dia as 7 sete horas o Sir Robert Armitage as previsões eram ter os 350 detidos militantes do NAC. Porém o resultado foram de detidos e mortes. E continuou até o final do ano houve 51 pessoas mortas, 1339 pessoas detidas e 2160 pessoas condenadas. Para lembrar esse dia foi criado o dia dos Mártires de Malaui.
Embora no Brasil, temos a lei 10639, que deva ser contado a história da África, confesso que essas informações não é parte de nenhum livro escolar. Sabemos que há informações sobre o país o Malauí, mas falta uma certa compreensão sobres esses fatos. E por isso é que podemos afirmar que Hasting Banda acaba chegando ao poder em 1964, porém com uma pratica, que acabam classificando o seu governo com autocrático. Porém cada país tem a sua autodeterminação dos povos que precisam construir a sua própria liberdade e independência. Segue a todos africanos de Malauí os mais efusivos cumprimentos.
Manoel Messias Pereira
Membro do Coletivo Negro Minervino de Oliveira
de São José do Rio Preto -SP - Brasil.
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