O Manifesto Comunista
O Manifesto Comunista assinala o fim do socialismo utópico e o princípio do socialismo científico. Ou seja não é possível apenas ficarmos na hipótese mais ou menos plausível nem em desejos filantrópicos mas numa sólida base científica, essencialmente filosófica e econômica. Com base na realidade das leis objetivas da evolução social.
Em 1848 tivemos a publicação do Manifesto Comunista, elaborado por Karl Marx e Friedrich Engels, que possibilitou um novo caminho no pensamento socialista. Ou seja foi possível ter como algo bem demarcado o socialismo utópico e o socialismo científico.
O socialismo científico, foi fundamentado em três correntes, ou seja a dialética hegeliana, a economia inglesa e no socialismo, com um olhar para a França. Portanto a filosofia toma a forma de uma concepção de mundo rigorosamente científica, que estabelece uma visão perfeitamente coerente da natureza, da sociedade e das leis do seu desenvolvimento, das vias e dos meios para conhecê-las par conseguir a sua transformação revolucionária.
A dialética desenvolvida por Hegel, afirmava que cada conceito possui em si o seu contrário e cada afirmação a sua negação. O mundo não é feito de coisas prontas os seres humanos constrói quotidianamente ou seja no processo dialético. Mas Hegel era um filósofo idealista e foi professor de Marx, mas o discípulo vai virar toda a sua teoria do mestre pelo avesso, quando afirmava que não eram as ideias que criavam a realidade, e sim as circunstâncias materiais. Em ouro termo, Marx afirmava o materialismo com base na dialética.
A filosofia marxista reflete o mundo tal como ele é, sem nada lhe acrescentar nem tirar. O postulado de base é que o mundo, a natureza, são realidades materiais, objetivas, o mesmo é dizer existe ora da consciência que dela se tem, que essa consciência é secundária, derivada da matéria e da natureza. A ciência nos mostra de modo irrefutável que a natureza, e mais precisamente o globo, existia muito antes do aparecimento do homem e que o ser humano e sua consciência são produto de um longo desenvolvimento natural.
O mundo material não é qualquer coisa de imutável de dado uma vez por todas, postula essa filosofia. Conhece um movimento, modificações, uma evolução permanentes. Ou seja a sociedade humana evolui qual o mundo inanimado, a flora, a fauna. E com isso a filosofia do marxismo apresenta-se uma concepção materialista dialética. As ideias da dialética, ciência do movimento e da evolução.
A partir do conceito de materialismo dialético. Marx e Engels criaram uma nova teoria da História: o materialismo histórico dialético. Para eles, a História se desenvolve, dialeticamente, a partir das relações de produção existentes em cada momento. As relações de produção seriam a infra - estrutura política, jurídica e ideológica.
A superação de um modo de produção por outro se dá a partir das lutas de classe, como se podia observar anteriormente, com derrubada da nobreza pela burguesia, , o que abriu o caminho para a afirmação do modo de produção capitalista. E, da mesma forma, através de uma luta opondo proletários x burguesia, o capitalismo seria derrubado, segundo as ideias contidas no Manifesto Comunista.
A grande crítica que Marx e Engels fazem ao capitalismo dia respeito ao caráter exploratório deste modo de produção sobre os proletários. Nisto Marx retoma os postulados da escola clássica inglesa, especialmente de David Ricardo e a sua teoria do valor-trabalho.
Para Marx, em 4 ou 5 horas de trabalho, os operários produziam todas as mercadorias necessárias para comporem os seus salários. Trabalhavam, pois 9 ou 10 horas era apropriado pelo burguês. É o que Marx vai chamar de mais valia ou sobre -valor e que, segundo ele, demonstra sobejamente a exploração dos operários pelos patrões
Karl Marx vai analisar as crises do capitalismo. E segundo ele essas crises eram naturais, pois pela própria configuração do sistema, que permitia a uma minoria a concentração muito grande de renda, em detrimento da maioria operária. A renda auferida pela burguesia era investida em melhores e maiores recursos tecnológicos, daí advindo uma maior produção. No entanto, como os operários possuíam uma renda ínfima, o consumo não aumentava na mesma proporção da produção. Daí se seguiam as crises de superprodução que de fato, marcaram o sistema capitalista ao longo dos séculos XIX e XX e agora no século XXI.
O pensamento marxista será aprofundado em obras como o capital. O manifesto é apenas um livro em que há o pensamento que vai romper com a lógica da exploração do homem pelo homem, já cristalizada no processo capitalista.
E assim vamos ver o pensamento socialista manifestar não apenas no campo teórico mas também na pratica, como os acontecimentos do I Congresso da Internacional conhecido como a 1a. Internacional, quando os trabalhadores e pensadores do trabalho reuniram -se de 1864 e 1876.
E o Manifesto Comunista passou a ser a tese guia da Associação Internacional de trabalhadores, os argumentos marxistas foram ganhando espaços, e assim imensamente difundido. Engels reiterou toda a primazia de Karl Marx como formulador das teses centrais do Socialismo Científico, entre os quais a tese da luta de classes que segundo ele colocava Karl Marx com sua teoria no mesmo grau de Darwin, com sua teoria das espécies.
A existência de classe está ligada a determinadas fases da evolução histórica da produção. A luta de classe conduz necessariamente a ditadura do Proletariado. E essa ditadura constitui somente a passagem para a supressão de todas as classes para a sociedade sem classe. Essa expressão é consagrada na Crítica ao programa de Gotha(1875) E entre a sociedade capitalista e a sociedade comunista existe um período de transição revolucionária de uma na outra. E neste período o Estado não pode ser outro senão a ditadura revolucionária do proletariado.
A frase enigmática deste manifesto é que Marx no seu final faz um apelo a classe trabalhadora usando a expressão "Trabalhadores do Mundo - uni-vos." E que assim seja.
Manoel Messias Pereira
professor de História
poeta e cronista
Membro da Academia de Letras do Brasil-ALB
São José do Rio Preto- SP.
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