A rua o laboratório de emoção
Os poemas saem normalmente quando estamos caminhando pela cidade, na observação das ruas, na leitura das conversas, no sorrisos entre vizinhos, na discussão das existência. E isto é um exercício que sempre fiz. E essa ação despertou-me para a leitura do livro "As ruas" do professor Mauro Iasi.
O autor disse que bons viajantes afirmam que só conhecem de fato um lugar quando é permitido sair do roteiro, estabelecendo o caminhar a pé, de bicicleta, com calma pelos caminhos que levam e abrem para a curiosidade.
Existe um ditado popular que dizem que a curiosidade é que matou o gato. Pois bem essa é uma frase inglesa em que inicialmente é um ditado falado ainda no século XVI era assim "Care killed the cat" ou seja a tradução literal é a preocupação matou o gato, e mais tarde a frase foi modificada para a curiosidade que matou o gato. E isto porque o gato é um animal com extinto de caça e está sempre procurando algo. Isto também é interessante pois quando caminhamos procurando uma paisagem nova, uma poesia das relações humanas é óbvio que podemos até nos machucar. Até porque não temos a discrição cautelar dos gatos que muitas vezes não dá um passo para e recua.
A arte das ruas, é a arte viva, que permitem-nos ver, observar, escrever sobre isto encenar e encantar. Ou seja as ruas são laboratórios de emoções.
E a arte como suspensão que se eleva da vida conforme escreve Mauro Iasi, diz que não pode significar o seu abandono a um mundo irreal, de pura ficção e da especulação do pensamento, E segundo explica Iasi, isto esta amplamente alicerçado na defesa do realismo
E é preciso entender neste caso Karl Marx é quem afirma de que a arte parte da vida e elabora de forma diferente e da forma como procedem a arte e a ciência forma o conhecimento, que eleva-se da vida quotidiana, mas cria enredo nela e alimenta-se como corpos amantes que no frenesi se confundem. Ou seja nem a foto é igual ao momento real.
Essa exposição estabelecida por Iasi, acaba refletindo um capitulo do livro de Pierre Macherey, que quando escreve sobre uma nova teoria da produção literária ele afirma que a obra não se desenvolve segundo uma linha frágil, numa aventura prolongada e prosseguida até ao ponto em que perece.
E Pierre Macherrey no seu livro vai dizer que a obra literária não é apenas a expressão de uma situação histórica objetiva que orientaria e distinguiria em definitivo, mesmo ante de produzida a um público determinado. E como dizia Marx a dificuldade não está em em compreender que a arte grega e a epopeia correspondem a certas formas de desenvolvimento social. A dificuldade esta na obra ainda hoje traz um prazer estético e tem para nós o valor das normas e modelos inacessíveis.
Nas ruas vejo fragmentos artísticos de expressões assim como como vejo a vontade do sorriso, o momento de chorar, de ter emoções e refletir esses nas razões sinceras. Na Praça Dom José Marcondes nos idos de 1970 vinha sempre um senhor vendendo um produto que havia saído do peixe elétrico, do outro lado haviam um pastor gritando em desespero quase louco. Querendo vender o seu remédio, a ideia de um Cristo que cura. Ou seja para quem acredita.
Há pessoas que tinham a crença voltada no óleo do peixe elétrico que curava todos os males da humanidade e por outro lado um voz doida dizendo que toda a cura vinha do céu. Antigamente tinha as andorinhas que fazia sujeira na nossa cabeça, e vivia nas árvores como frutos que voavam. E na verdade ficcionista irreal da ciência não era fruto. Mas na verdade artística era fruto. Pois é na arte que disfarçamos e nos tornamos personagens.
É essa ação é coisa do laboratório da emoção, vale repetir, vale observar vale fazer arte da vida. Viva porém como sabemos diferente da realidade. Mas partindo do que é real e pondo realismo ate ficcional na obra literária e artística.
Sei que muitos moram na rua, sei que muitos trabalham nas ruas, sei que muitos vendem seus corpos pelas ruas. Sei que nas ruas a todo o espirito de corpo, já observei isto. Só precisa é livrar dos encostos.
Há quanto os gatos vamos lembrar daquele desenho do Manda Chuva, do Batatinha, o Chuchu, do Bacana do gênio, todos aqueles desenhos representavam um ser com personalidade, mas partia de uma realidade e o cenário era a rua e o beco. E o chato era o Guarda -Belo. Desenho de Hanna Barbera.
É preciso a ação de caminhar pelas ruas de imitar as pessoas andando, falando, dê o susto como aquele menino que gritava na Praça D. José Marcondes, antigamente aqui em São José do Rio Preto -SP, sei que era um garoto folclórico, e que despareceu como um fantasma. É o fantasma é ficção. Porém esse garoto assim como outros personagens da praça seguiu para um bastidor que inclusive pode ser a morte. É as ruas ainda continua sendo o maior laboratório de arte. Vamos nos vestir de artistas e nos despir destes maus costumes feios de ter preconceitos, de estupidez e vamos com o um olhar à todos com respeito, vamos?
Manoel Messias Pereira
professor, poeta
São José do Rio Preto-SP
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