Crônica - Os comunistas - Manoel Messias Pereira

 



Os comunistas


Todos os dias há uma série imensa de pessoas tecendo comentários sobre o comunismo, socialismo e também dizendo que esse ou aquele ser humano é comunista, sem saber muito bem o que é e revelando-se uma imensa ignorância sobre o assunto, e banalizando a palavra. Esse falantes estão na televisão, no jornal, nos comentários sociológicos e até histórico. E por esse motivo resolvi escrever sobre o assunto, de forma até pedagógica.

É preciso entender que o mundo é dividido em classes sociais. E as sociedades estabelecidas ao longo da história, sempre marcamos e denominamos ela com a forma em que se trabalham. O ser humano sempre foi um ser social, sempre procurou conviver em grupos, e a forma de trabalhar no passado, é parte desta vida coletiva. Dai até aos nossos dias temos grupos em que todos trabalham coletivamente e o fruto deste trabalho é dividido coletivamente. Essa é a forma de sociedade primitiva. E essa forma de sociedade primitiva ela só foi deixando de ser com o aparecimento do trabalho escravista e tudo isso ocorreu no período antigo. Depois disto vimos surgir o modo de produção feudal, que foi a característica do período medieval. Portanto didaticamente vemos que no período em que tivemos as sociedades primitiva o trabalho era coletivo. No período em que tínhamos o trabalho escravizados seja por motivos de guerra ou por dividas, tínhamos o sujeito trabalhando num processo escravocrata e tudo isto no período da antiguidade. Com as rebeliões escravas vemos o ser escravizado ser libertado porém continua preso a terra e com isso temos o trabalho da servidão e o sistema de feudal.

Esse sistema feudal vai entrar em decadência assim como os outros sistemas que foram superados, principalmente com o aumento da produção e da explosão demográfica evidente que há outros elementos sociológicos mas esses dois são importantes. Com o aumento da produção surgem os viajantes, os mercadores, e neste caso o feudo já não dá conta da quantidade de pessoas . Com as pessoas saindo dos feudos, temos o  o renascimento das cidades, portanto com o urbanismo e o surgimento do comércio. Essas cidades que chamavam de burgos tendo as suas principais elites chamadas de burguesas. Essa burguesia tinha que manter um rei com um certo poder absoluto que lhe oferecia o exercito e as condições para expansão deste comércio. Duas categorias importantes surge neste contexto do trabalho ou seja o patrão e o empregado. O patrão sendo remunerado com o lucro de seu negócio e o empregado recebendo o salário.

Junto a essa mudança econômica das relações sociais, também há uma mudança de mentalidade. No período medieval tínhamos a Igreja Católica como a mais importante instituição da época. Essa Igreja Católica que se dividiu em Ortodoxa e Apostólica. Porém com o renascimento temos aquilo que chamamos de período moderno. Surgiram uma divisão no cristianismo com o aparecimento das Igreja reformadas, luterana, calvinista, anglicana ou seja. Assim como a expansão deste capitalismo por meios mercantilistas, que ainda tinha que ter o Estado a serviço da burguesia que custeava esse Estado por meio dos impostos.

Porém esse período vai existir até surgir os pensares liberais e iluministas, são pensamento capazes de  por fim as a essa relação de poder absoluta. Pois o pensar tem início no século XVII, e é um movimento chamado de Ilustração  e fundamentado na razão e assim construído, com a) critica ao Estado absolutista, propondo a limitação real. Pois no Absolutismo tinha a ideia do poder divino. b) Critica ao privilégio de classe, c) critica a postura da Igreja Católica, sustentáculo do Antigo Regime d)defesa de não intervenção do Estado no campo econômico e) defesa de um sistema constitucional.

Esses pensares fez com que surgisse uma nova mentalidade, ou seja com o iluminismo vimos partilhar também a evolução do pensar liberal a) a existência de leis naturais em economia, como por exemplo a lei da oferta e da procura. b) livre concorrência e livre cambismo, c) defesa da propriedade privada, d) liberdade de contrato, e) o combate ao mercantilismo f) divisão internacional do trabalho.

E nisto vimos surgir aqueles a quem chamamos de economistas clássicos como Adam Smith, com o livro a teoria do Sentimentos Morais com a Riqueza das Nações. Ou Stuart Mill com os Princípios da economia Politica e a Lógica Racional Indutiva. Assim como Malthus com o Principio da Economia Politica e o Ensaio  sobre a população, e por  David Ricardo com Os princípios de Economia Politica e Tributária, na qual ele diz que o custo da produção determina o valor dos bens. E ele afirma que considera o trabalho como fonte de todo o valor e sua quantidade relativa, a medida que regula, quase que exclusivamente, o valor das mercadorias.

E são esse pensamentos que permitem o aparecimento das revoluções burguesas, um momento na história do capitalismo em que determinante, as forças capitalistas avançam com rapidez, tanto na Inglaterra quanto na França. E neste contexto vimos surgir transformações na estrutura social, derivadas das transformações econômica, na Inglaterra tivemos a revolução Puritana e a Revolução Gloriosa. Na França a revolução Francesa. E acompanhando tudo a chamada Revolução industrial.

Essas revoluções essa evolução do sistema capitalista gerou lucro para a classe burguesa, seja ela comercial e industrial. Vimos surgir o capitalismo monopolista, vimos as pequenas empresa serem engolidas pelas grandes. E paralelamente a isto vimos a Revolução científica, com o desenvolvimento da matemática da física, da química da mecânica, vimos, os mesmo donos da indústria também apoderar se da matéria prima, do mercado e também da força de trabalho humano.

E observamos que o trabalhador que só tem a força de trabalho para vender, não tem o preço de seu trabalho, ou seja o patrão é que determina esse valor. E neste contexto é que o trabalhador passa a ser explorado, estabelecendo um ser humano que explora outro ser humano, pois quem faz as leis desta relação é o mesmo patrão. Ou seja a elite chega ao poder e estabelece a ditadura da  burguesia e numa sociedade de luta de classe devemos pensar na classe trabalhadora e se possível chegar a ditadura do proletariado. Ou seja filho destas família em que as mulheres geram trabalhadores seres para o mundo, para serem explorados.

Diante deste processo temos os desenvolvimento das máquinas e equipamentos, e toda as vezes que a maquina, desenvolve torna o processo mais rápido na produção e  substituem o ser humano no seu labor, surge o desemprego. Daí surgiu o primeiro movimento chamado lúdita, inspirado no Ned Ludman. Que era um anarquista que via o desenvolvimento da indústria como inimigo do trabalhador. Os trabalhadores fizeram grupo de combate a isto e começaram a quebrar as máquinas. E na oportunidade passaram a serem identificados  reprendidos e, presos. Dai os anarquistas dizer que o Estado só serve para reprimir o povo.

Como isto não estava na vida de todos os trabalhadores começaram a pensar em fazer reivindicações aos deputados ingleses, dai surge o movimento Cartista. Como os deputados não atendiam e não viam os trabalhadores  como cidadãos, foi o momento de organizar as Trade Unions surgiram os primeiros sindicatos de trabalhadores reivindicando direitos e discutindo as relações entre patrão e empregados. E junto a esse movimento que se reúne em 1848 urgiu também os chamados socialista utópicos. E assim organizaram marchas de protestos. e os movimentos oram de encontro ao movimento socialista

Os  primeiros socialistas  eram os utópicos. No Socialismo entendidos como contestações ao individualismo liberal,  que corporifica-se como resposta aos problemas sociais criados pela industrialização e assim começam a surgir as crises dentro do sistema capitalista. Entre esse utópicos vimos falar de Robert Owen, que era um diretor inglês que trouxe algumas modificações na vida de seus trabalhadores com diminuiu a jornada de trabalho, organizou escola para os filho de seus operários. Ou Charles Fourrier que era um comerciante francês que apostava no cooperativismo e na associação e com a criação de um falanstério, que eram edifícios comunitários para a felicidade humana. ou Saint Simon um nobre esclarecido que propunha livre empresa admitia a continuidade do lucro capitalista desde que tivesse responsabilidade  social ou Louis Blanc que era um francês que exerceu considerável influencia no movimento revolucionário de 1848. Preconizava a criação das oficinas sociais que deveria ser criada pelo Estado ou pelos capitalistas.

O que se percebe é que não há um rompimento com o sistema, pois essas medidas estão dentro de uma ordem estabelecida e que não ajuda a classe trabalhadora. Porem com o Manifesto comunista de 1848 temos as base do pensamento marxista que alguns chamam de Socialismo Científico, estabelecido na critica ao sistema capitalista, na adoção teoria Hegeliana e na adoção do pensar socialista francês. Na experiência dos jacobinos, na radicalidade da Liga dos Juntos, na ligas do  Iguais na organização das Comunas. E assim Marx vai neste contexto analisar as crises do sistema capitalista, entendê-la que elas são naturais  pela própria configuração dos sistemas, que permitia uma narrativa, uma concentração muito grande de renda, em detrimento da maioria da massa operária. A renda auferida pela classe  burguesa era investida em melhores e maiores recursos tecnológicos advindo um maior produção, no entanto os operários não tinham rendas quase nenhuma.

E se o pensamento socialista manifestou-se no campo teórico. A pratica encontra se espelhada nos congressos. Como na I Internacional de 1864 a 1876 e Marx  afirmava a necessidade da ditadura do proletariado para chegar ao comunismo. E isto nunca existiu nunca se chegou a isto. Da revolução francesa tivemos a instalação da Comuna de Paris. E em 1872  os anarquistas foram expulsos da Internacional. Em 1891 surgiu a II Internacional surgiram a Social Democracia que dividiu -se em três grupos os revisionistas, os conservadores em Marx e os revolucionários quem até hoje chamamos de comunistas.

Portanto se não foi instalado e se sempre convivemos no capitalismo entendam, toda vez que ouvir esses comunistas no poder  ou esses comunistinha é isso ou aquilo entenda quem fala é ignorante, falta conhecimento teorico e pratico e nunca conviveu nesse regime até porque nunca foi instalado. 

Já que estamos falando de socialismo entenda a corrente  que se manifestou a partir do século XIX, com relação ao movimento operário e a Igreja Católica que utilizaram encíclicas como do papa Leão XIII, o que foi chamado de Socialismo Cristão. A Igreja não condenou expressamente o capitalismo, mas diz que ele é um dom de Deus, mas sugeriu soluções  que visem uma maior justiça social. o PT, a CUT o MST, são filhos desta Santa Igreja que usou a Rerum Novarum, as Comunidades Eclesiais de Base a Teologia da Libertação  e estabeleceu com um pensamento progressista. E a discussão foram que essas teorias eram espiritualista e contrapunha o pensamento materialista dos comunistas. Portanto o PT não é marxista, nem leninista. Mas pode até ter uma corrente que defenda isto ou não. E já vimos esse partido no poder, quase igualou aos capitalistas, fizeram um governo de coalizão.

O que pensa um comunista, é ter um mundo construído com a participação de todos, em que o respeito  a solidariedade entre todos os trabalhadores do mundo, a internacionalidade a universalidade muito próximo da fraternidade entre os seres pensantes. Os comunistas são chamados de camaradas. Ou seja um camarada nunca abandona o seu próximo e todos precisam do acolhimento num processo de revolução popular, o hino de todos os comunistas é a internacional. 

Até hoje o sistema comunista não foi implementado, pois vivemos num capitalismo e num olhar capitalista ser comunista soa  utópico. Pois no capitalismo temos  um mundo e de competição e e não de compartilhamento. Esse mundo capitalista é do individualismo quando propomos um mundo coletivo. E para tal devemos entender da superação dos meios de comunicação enquanto propriedade privada. superação do regime de produção de mercadorias e enfraquecimentos do dinheiro, a abolição da troca da propriedade privada, do consumo da mercadoria dentro da comuna, controle dos produtores  sobre o produto do seu trabalho e sobre a sua relação de trabalho as quais incluem  entre outras coisas, o poder imediato do dispor que é ter acesso e direito sobre os meios de produção e consumo de mercadoria, e por fim o poder dos indivíduos sobre si mesmo, seu relacionamento mútuo que entre outras coisas exclui como não necessário um aparato repressivo a sociedade. Essas portanto seriam as base teóricas.

  É preciso entender que não existe uma cartilha a ser seguida cada povo merece ser respeitado dentro das condições históricas de seu conhecimento e da construção da sua existência. A desigualdade nasce  no capitalismo , o racismo é elemento do capitalismo especialmente para a dominação de uma classe sobre a outra, A desgraça é maior para a maioria na aplicação capitalista plena. E volto a reafirmar todos aqueles que neste mundo capitalista fica tachando que houve comunista aqui ali, houve politica comunista, que não se deve respeitar a politica de gênero , que deva discriminar esse ser humano ou aquele, entendam que esses estão muito mais próximo do fascismo e do nazismo. Cuidado. São os seres que não merece de forma nenhuma quaisquer consideração. Incluindo os que estão no poder no Brasil gente que não presta.


Manoel Messias Pereira

professor de história, cronista

São José do Rio Preto -SP. Brasil





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