Crônica - O ambiente da aprendizagem - Manoel Messias Pereira

 

fonte IBGE mãe pernambucana

O ambiente da aprendizagem


A educação não nasce de um espanto, mas é parte de um processo. Ede um processo construído por seres humanos, na perspectiva da existência mais segura, equilibrada, e consequentemente apresentando-se de forma humanística.

A educação ela inicia-se no processo intrauterino, no respeito que se tens ao feto na sua formação, e quase sempre esse é fruto de um encontro de amor. Portanto pensar em conceder uma criança, geralmente parte de um planejamento. E isso estou aqui teorizando evidente com os pés alicerçado na construção de um processo aprendido ao longo do tempo.

E quando procuramos todos os sinônimos de educação, de estabelecer esse processo vamos deparar a a ideia da instrução, do arrotear, do capacitar de civilizar, de criar, desemburrar, de lapidar ou desembrutecer.

E creio que essas primeiras lições ficam para com a relação entre a mãe e o filho. Sempre prestei muita atenção naquela rase de um prece que diz assim "Bendito fruto que do vosso ventre nasceu Jesus" Ou seja toda a mulher tem o seu ventre e cada uma dela quer exibir o dom de ter o seu fruto o seu filho. Eu apenas citei a oração como um processo de aprendizado. Ou seja entendi assim o que ensinaram-me. Portanto instruíram-me. E quando temos uma mãe e um filho, temos o clássico de um principio familiar. Muitas famílias inicia-se com uma mulher e uma criança.

Quando eu uso a ideia do arrotear, percebe-se que essa palavra está muito alicerçada ao processo agrícola. E que tens como sentido a ideia de desmoitar, desbravar, de preparar a terra para o cultivo. Portanto em educação preparamos o ambiente para a criação inicialmente em família. A criança precisa ter um ambiente saudável, tranquilo para o seu desenvolvimento. Enquanto estar no ventre precisa a mãe conversar com o bebê, tocar de leve a barriga, estabelecer músicas que acalme aquele ser em formação. Se tiver uma relação construída com o pai em que haja a possibilidade dele também engravidar educacionalmente, e acompanhar todo o processo é excelente. 

A mulher ou casal precisa ter a ideia que educar é parte de um processo e quando vem o rebento é necessário todo o carinho do mundo, toda a necessidade de acompanhamento médico sanitário. A criança ainda no colo necessita de sempre estar próximo da mãe. O calor humano da mãe é sempre necessário. O ato de estender o amamentar é quase um ato de amor divino. E nunca esquecer que diferentemente de um brinquedo o casal ou a mulher está lidando com uma vida. A criança é essa vida. E que merece todo o respeito, todo o cuidado.

Inicialmente é assim que temos que lidar. Essa criança vai aos poucos sendo capacitada a ter o seu olhar além do mundo interino, além do quarto da casa, além da sala, além da cozinha, além do quintal. Além das ruas, do bairro, vai crescer e  vai criar relações humanas, conquistar os pais e também capitalizar os sonhos de outros amiguinho. E é neste contexto é que vai necessitar muito mais da família para orientar e lapidar outras experiência, muitas atém além da casa mais talvez na escola.

Na escola é que uma conjunto de elementos vão apresentar-se, um coletivo de seres humanos portadores de direitos, desejos, de culturas diversas, que vão buscar o objetivo de instruir-se humanamente na aprendizagem dos signos das letras dos números e deparamos com a ideia da didática das disciplinas, da pedagogia e tudo isso na construção do conhecimento e que necessariamente passa pela atenção , pela investigação, por uma perícia, por uma prática que é do saber.

Esse saber não nasce do espanto ele é construído. Um dia uma amiga e colega pediu para que eu explicasse como consegui aprender a história uma vez que era professor desta matéria. E estou aqui agora citando-me como exemplo. Eu diz prestando a atenção. Assim como o processo da mãe que prestou atenção no feto, que prestou atenção no nascimento, que prestou atenção na criação, na instrução no lar. Prestem muita atenção na vida. Que segue além da família mas na construção de uma sociedade. Ou pelo menos no seu primeiro núcleo em que deva prevalecer sempre uma lição de amor e ser plantado em cada ser um exemplo de Amor.

A escola tem a tarefa de compartilhar conhecimento os professores tem a tarefa de entender ou facilitar essa compreensão aliada a essa ou aquela disciplina. Antes de você aprender a ler e escrever aprenda a ouvir as histórias não apenas como atos isolados, mas como construção de um conhecimento. Os fatos são apenas resultados de um laboratório da existência humana. Depois de aprender a ler e escrever comece a ler histórias e interpretá-la a luz de seu conhecimento.

Esse conhecimento pode estar traçado no seu aprendizado crítico de mundo. Portanto um fato traz em si um acontecimento, carregado de ideias e ideologia, de intenção social, humana. No mundo em que vivemos a muitas instituições e todas elas trazendo ideais  de mundo. E esses tais  permeiam as relações humanas, compreende-las, é quase sempre uma investigação em busca de uma verdade, concreta, que cientificamente possa colaborar para o nosso conforto de conhecimentos. E isso exige atenção.

A atenção propicia a reflexão, que permite a meditação sobre os objetos estudados e portanto a educação ela vai se processando nestas relações humanas, que teve principio numa casa mas que alargou-se com a escola, que não prepara o aluno só pra a escola, mas para além da escola, para o mundo e a sociedade. Tendo o mesmo papel da mãe que gerou no seu ventre, que educou no seu tempo e prepara o ser humano, além de seu quarto, de sua sala, de sua cozinha de seu quintal, para as ruas e além dela. A escola precisa ter essa noção. E na escola é um caldeirão interessante, eu diria até é a busca de uma sopa de legume, preparada produzida para todos saborear comer alimentar. 

O alimento que proponho é o encontro de seres humanos, portadores de direito, e que precisam conviver na diversidade em busca do respeito coletivo, em busca da solidariedade como aprendizado, em busca de uma sociedade humanística fraterna, internacionalista e universalista.

É evidente que esse mundo escolar, vai encontrar as instituições de ideias, que muitas vezes vem de forma conflitante no mundo. Essas instituições pode ser igrejas, pode ser templos, pode ser filosofias de mundo de vida, pois essas instituições são grupos de pessoas que estão no mundo acreditando serem corpos portadores de espíritos, criaturas a procura do criador, e em busca de um ideal de mundo e que as vezes fogem desta realidade quotidiana da qual estamos inseridos. Ou que acreditam que estamos vivendo um processo de erros, de intoxicações sociais e que há necessidade de uma mudança radical. E nisto a um choque em quem está construindo uma educação que se quer de liberdade para o conhecer, para o respeitar, para o emancipar-se cultural, educacional e filosoficamente.

Porém estabeleci a igreja mas poderia estar falando das instituições politicas, sociais, econômicas. Pois politicamente estamos divididos em classes. Estamos vivendo um processo histórico no Brasil que é da democracia burguesa. Ou seja de uma ditadura burguesa. Em que a elite que reflete no seu contexto social uns poucos ricos e uma massa de população miseráveis, que se propõe a trabalhar incessantemente até ter doenças  profissionais para manter esses poucos ricos e continuar a receber salários baixos, a receber o desprezo social, graças a um serviço público estabelecido e gerido compatível com a miséria humana, preparada por essa elite governativa. Que mantem o desrespeito pessoal e consegue formalmente construir uma imagem de bons senhores, de belos cristãos, sempre mantendo a luta de classe no seu patamar de violência.

Se a escola perde-se o foco de atenção e não consegue passar seu propósito de aprendizado de construção de mundo além do pátio, da sala de aula. Ela esta descumprindo o que permite ser instrução pedagógica. Ai há um abandono intelectual da criança. E por isso há instituição que cuida da criança e do adolescente, que são seres que estão neste laboratório de aprendizado, buscando o saber para além do saber clássico, mas o técnico o científico e o viver social, numa sociedade plural, que se deseja ser de respeito e de direito. Mas que se precisa estar para além do direito ou seja alicerçada numa ética humana.

E os seres humanos são seres pensantes, filosóficos e que propões transformações. Hoje a escola fala em "competência". E essa é uma tarefa que vai desde a identificação de oportunidades, de treinamentos e desenvolvimento até a ajudar aos colaboradores individuais e atualizar os seus conhecimentos o que pode também envolver o desenvolvimento da habilidade. E isso nasce do processo politico liberal numa nova roupagem neoliberal. E nisto as empresas usam para seus funcionários para com méritos promovê-los ou aumentar a sua responsabilidade.

Quando esse elemento adentra a escola, óbvio que o processo de aprendizado, agora esta modificando-se na ideia de ensinar e aprender e esta sendo colocado a ideia de treinar, de domesticar, de usar estímulos como se usa com o rato para identificar a mudança, entre dois animalzinhos. Aquele estimulado e aquele não estimulado. Mas educar é desembrutecer é lapidar e dar a sociedade o ser humano melhor, para ter o tecido social integrado. De forma humana, social e espiritualmente.



Manoel Messias Pereira

professor, poeta cronista

São José do Rio Preto- SP. Brasil





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